INSTITUCIONALISMO E NEO-FARISAÍSMO
"O Judaísmo, o Catolicismo e as igrejas da Reforma preservaram seu sistema religioso, mas perderam de vista o indivíduo. Aliás, em todos os casos, o sistema – seus dogmas, tradições, formas e estruturas – por fim se tornaram mais importantes do que as próprias pessoas. Esses movimentos também preservaram sua ‘ortodoxia’, mas seus adeptos não conseguiram obter uma compreensão mais profunda e pessoal da verdade divina. As pessoas aceitavam intelectualmente a doutrina, mas havia pouca relação com a vida diária.
Todos esses movimentos ganharam uma semelhança exterior da parte de seus seguidores, sem que houvesse, no entanto, uma experiência interior. As pessoas cumprem religiosamente os rituais e as rotinas, mas sem verdadeiro significado espiritual. A religião delas passou a ser uma questão de forma e cerimonial, não de vida e experiência. O relacionamento pessoal com Deus foi substituído pelo relacionamento impessoal com uma organização.
Todos esses movimentos perpetuaram-se mediante uma educação autoritária, estereotipada e transmissiva. Empregaram o doutrinamento, dando pouco espaço para o pensamento criativo e a liberdade. O ambiente de aprendizado tornou-se não-permissivo.
Todos esses movimentos desenvolveram uma hierarquia de líderes que, por sua vez, desenvolveram um sistema de teologia minucioso e lógico. Os líderes cuidavam de “pensar” e de “comunicar”, enquanto as pessoas comuns tornavam-se receptáculos e seguidores da sabedoria dos eruditos.
À medida que esses movimentos cresciam e se ampliavam, a estrutura e a forma foram se tornando rígidas e inflexíveis. Na realidade, seus meios e métodos tornaram-se um fim em si e, na mente do povo, tão sagrados quanto suas crenças. (negritos meus)."
Gene Getz, Igreja: Forma e Essência, p.294
Se considerarmos os aspectos abordados no texto
de Getz, perceberemos que todos eles têm alguma similaridade com a prática
farisaica dos dias de Jesus. Isso deveria nos alertar para a realidade de uma
postura “neo-farisaíca” de boa parte do cristianismo evangélico conservador. O
cristão evangélico conservador é o mais propenso candidato a fariseu no
contexto atual. Temo que a espiritualidade cristã conservadora dos dias atuais
esteja mais relacionada ao farisaísmo judaico do que ao ensino e a vida de
Cristo.
Se isso for verdade, devemos considerar
novamente o desafio de Cristo aos seus discípulos em Mt 5.20 (“Pois eu vos digo que,
se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entrareis no reino dos céus”). Precisamos voltar a ouvir o ensino fundamental
de Cristo em João 13-17 com sua ênfase no amor, serviço, dependência, vida no
Espírito, unidade, santificação na verdade, testemunho, uma identificação
radical com Jesus Cristo em sua missão maior representada na cruz.
Marcelo C.Silva
É interessante que logo que entendemos e aceitamos o amor de Deus expresso na pessoa de seu Filho Jesus e ainda sem a influência dos "dogmas", muitos deles evangélicos, creia-me, somos uma benção. Compartilharmos desse amor poderoso, somos alegres, empenhados na obra, dispostos, enfim abundantes, como Paulo nos orienta em I Coríntios 15:58. Algum tempo depois, aceitamos o "status de fariseu" e nossa alegria some, já não temos aquela vontade de compartilhar, de adorar a Deus (culto racional)e colocamos nossa "lampada" de baixo da mesa.
ResponderExcluirConcluo, que necessitamos de uma busca constante da Verdade, de comunhão com Aquele que nos tirou das trevas para sua maravilhosa luz, para que não entremos em rotinas mortas e que possam nos trazer problemas no "grande dia".