DEUS E O CARNAVAL



O que o carnaval tem a ver com Deus? NADA. Contudo, o carnaval manifesta uma realidade inegável da humanidade – o vazio existencial. Por trás de todas as ideias, ideologias, filosofias e práticas (sejam elas boas ou más), existe um anseio humano pelo desfrute de uma realidade que traga sentido, segurança, prazer, felicidade e satisfação. 

Ao avaliarmos a humanidade na sua história e nas suas manifestações sócio-culturais, suas filosofias e ideologias, fica uma forte impressão de insatisfação existencial e busca de preenchimento desse vazio. De acordo com a visão cristã, baseada nas Escrituras, o ser humano foi criado por Deus e para Deus. Sua existência não é produto da evolução natural e, portanto, não é autônoma. Ela só encontra significância na relação com o Criador. 

Segundo o teólogo Alister McGrath, por termos sido feitos à imagem de Deus, “temos uma capacidade interna ou, uma necessidade interna de nos relacionarmos com Deus. Deixar de fazê-lo é falhar como ser humano. Alcançar a realização pessoal é se deixar ficar pleno de Deus. Nada que seja transitório jamais poderá satisfazer essa necessidade. Nada que não seja Deus jamais poderá sequer aspirar a tomar o lugar de Deus. Contudo, por causa da natureza decaída do homem, existe agora uma tendência natural de procurar fazer outras coisas preencherem essa necessidade.”[1]

O anseio por Deus ironicamente pode ser demonstrado até por aqueles que procuram negá-lo (ateístas), desde que o foco de debate e argumentação dessas pessoas converge para o vazio de significado e significância na busca humana por realização. Até mesmo o ateísmo mais agressivo da atualidade encabeçado por escritores como Richard Dawkins, Daniel Dannet, Sam Harris, Christopher Hickens, entre outros, revela, no mínimo, que a busca existencial da humanidade é real, apesar de todo avanço tecnológico e científico. A manifestação religiosa como evidência do anseio não suprido continua tão forte que precisou de uma reação, demonstrada pela onda ateísta atual. 

Segundo a Bíblia, esse vazio existencial pode ser preenchido somente por Deus, e qualquer tentativa humana, mesmo que intensamente libertina e permissiva na busca do prazer, só reforçará essa verdade. 

Jesus Cristo se apresentou com reivindicações divinas e messiânicas que definitivamente respondem ao vazio existencial humano. Ele pode dar a água viva que tira definitivamente a sede da alma (João 4.10-14); Ele é o pão da vida que mata completamente a fome espiritual (João 6.35); Ele é o caminho, a verdade e a vida numa declaração absolutamente contundente em termos de referencia existencial (João 14.6). Jesus é quem envia o Espírito Santo para habitar em todo aquele que o segue em fé (João 7.38,39; 14.16,17) e esse Espírito será com um advogado de defesa, um consolador, um mestre seguro, a própria presença de Deus levando aqueles que são regenerados pela fé a uma vida verdadeiramente espiritual, a uma unidade de comunhão e propósito com Deus. 

Ao terminar o próximo feriadão, o carnaval vai devolver à sociedade brasileira, como sempre, uma multidão de frustrados, perplexos pelo efeito passageiro e efêmero de suas “folias” e angustiados pela constatação de que continuam vazios. “Prato cheio” para os bons cristãos que levam a sério a sua vocação de sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-16). 

Marcelo Correia e Silva 

[1] Apologia Cristã no Século XXI: Ciência e arte com integridade. p.67

Comentários

  1. É isso aí. Sempre que olharmos para os "campos" perceberemos que já estão "prontos para a ceifa", não importa qual seja a "comemoração da vez". Que como servos fiéis, possamos cumprir a única missão que nos foi confiada e IR, em nome de Jesus.

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