O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?

Eu queria ser lixeiro! 

Não vou revelar minha idade mas sou de uma época em que os lixeiros passavam em caminhões com carroceria aberta e os lixos eram deixados em latas nos muros das casas. Me encantava ver aqueles homens pegando as latas e jogando habilidosamente para um colega que ficava em cima da carroceria, esvaziava a lata e a jogava de volta para o colega na calçada. Raramente erravam o alvo e eu queria ter aquela experiência maravilhosa!!

Por outro lado, sempre soube que muitos pais quando repreendiam seus filhos por não estudarem, diziam que eles terminariam sendo lixeiros, o que revelava o baixo conceito desse trabalho.

Hoje, um pouco mais velho, não sou lixeiro, mas aprendi que esse trabalho é tão digno como qualquer outro e, diga-se de passagem, um dos mais importantes para a sociedade. Basta alguns dias de greve dos coletores de lixo para confirmarmos esse fato. Pena que seja um trabalho tão desvalorizado e estigmatizado.

Isso ilustra bem tantos outros serviços que, por alguma razão, não são valorizados apesar de sua importância. Trabalhos que se tornam invisíveis e desprezados por sua simplicidade ou complexidade. Pessoas por todo o mundo estão exercendo funções importantes para a coletividade sem nenhuma consideração, com baixas remunerações, e muitas vezes, com muito preconceito. Que triste.

Na cosmovisão cristã, o trabalhador é digno do seu salário, mas não é o salário ou o status que definem o valor do trabalho e sim o seu propósito. Na visão da Bíblia os “olhos” de Deus enxergam tudo e todos. Não há, portanto, como ser ignorado por esse escrutínio divino e essa verdade tem levado muitas pessoas a servirem em funções totalmente desprezadas pela sociedade, na convicção de que Deus está vendo e isso lhes basta. É um senso de missão que as fazem perseverar diante da indiferença e da desvalorização. É a consciência de que seu trabalho, mais do que sobrevivência ou status, é adoração a Deus, no sentido de que coopera para o cultivo da Sua criação e o bem da Sua criatura.

Não creio que procurar trabalhos bem remunerados seja um defeito ético, mas também não creio que desprezar os trabalhos simples e sem fama seja uma virtude. 

Marcelo C. Silva 

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