O PODER DO HÁBITO


Tenho miopia e uso lentes de contato. Já cheguei também na idade de usar óculos para leitura, pois as lentes que me ajudam a ver longe, me dificultam enxergar perto. 

Assim, o gesto de colocar e tirar os óculos, já é um hábito para mim. Algumas vezes estou sem lente para descansar um pouco os olhos e então não preciso de óculos, pois, enxergo muito bem de perto sem as lentes. Mas o hábito me leva a fazer o gesto de colocar ou tirar os óculos do rosto mesmo que eu não esteja precisando deles. Aconteceu agora a pouco. Ao terminar uma leitura, levei automaticamente as mãos ao rosto para tirar os óculos que não estavam lá. 

Isso me faz pensar no poder do hábito. Uma vez estabelecido, ele se repete automaticamente, sem que precisemos pensar ou refletir sobre o assunto. Embora os hábitos tenham uma função benéfica inegável, eles também podem nos levar a fazer coisas importantes de maneira puramente mecânica e instintiva. A questão é que na vida cristã nosso ser total precisa estar sempre envolvido e o mecanicismo dos hábitos pode tornar nossos “gestos cristãos” pura coreografia. É sempre bom perguntar a nós mesmos como cristãos e como igreja, por que fazemos o que fazemos. Desenvolver hábitos é uma virtude, desde que esses hábitos correspondam adequadamente ao nosso coração. Se os nossos hábitos (tradições) não forem constantemente avaliados, podemos incorrer na incoerência condenável dos fariseus: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mt 15.8). 

Marcelo C.Silva

Comentários

  1. Quando li e meditei essa mensagem, fui levado a pedir,... "Sonda-me ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos;
    Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno."

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