“UM MUNDO SEM GRAÇA”


H.L. Mencken descreveu um puritano como uma pessoa com um medo obsessivo de que alguém, em algum lugar, seja feliz; hoje, muitas pessoas aplicariam a mesma caricatura aos evangélicos ou fundamentalistas. De onde vem essa reputação de retidão sem alegria? Um artigo da humorista Erma Bombeck nos dá uma pista: 

Domingo passado, na igreja, eu prestava atenção a uma criança que se virava para trás e sorria para todos. Ela não estava fazendo nenhum barulho, nem estava cantarolando, ou chutando, nem rasgando os hinários, nem mexendo na bolsa da mãe. Apenas sorrindo. Finalmente, sua mãe olhou para ela com cara feia e num sussurro teatral que poderia ser ouvido em um pequeno teatro da Broadway, disse: “Pare de sorrir! Você está na igreja!”. Em seguida, deu-lhe um tapa, e quando lágrimas começaram a rolar pela face da criança, a mãe acrescentou: “Assim é melhor”, e retornou às suas orações... 

Subtamente, eu fiquei zangada. Percebi que o mundo inteiro está em lágrimas e, se você não está chorando, é melhor começar. Eu quis abraçar aquela criança com o rosto molhado de lágrimas e lhe falar a respeito do meu Deus. O Deus feliz. O Deus sorridente. O Deus que precisava ter senso de humor para ter criado gente como nós... Por tradição, as pessoas usam a fé com a solenidade de acompanhantes de enterro, a seriedade de uma máscara trágica e a dedicação de um participante do Rotary. 

Que loucura, eu pensei. Aqui está uma mulher sentada ao lado da única luz ainda existente em nossa civilização – a única esperança, nosso único milagre – nossa única promessa de infinidade. Se ela não podia sorrir na igreja , para onde deveria ir? 

Essa caracterização de cristãos certamente está incompleta, pois conheço muitos cristãos que personificam a graça. Mas em algum ponto da história a igreja conseguiu uma reputação de falta de graça. Como orou uma menininha inglesa: “Ó Deus, transforme as pessoas ruins em pessoas boas, e as pessoas boas em pessoas agradáveis.” 

(Trecho do Livro “Maravilhosa Graça” de Philip Yancey – cap.3, pp.30-31) 


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